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27 de agosto de 2009

Severino e a Brasília 78

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Severino era mais um daqueles milhares de retirantes nordestinos que resolveu migrar pra São Paulo.

Conseguiu se firmar na cidade grande às custas de muito suor. Juntou uma graninha daqui, pegou algum emprestado ali e finalmente conseguiu realizar um sonho, comprar aquela Brasília 78 que já vinha namorando há muito tempo.

Severino desfilava com aquela Brasília velha pra cima e pra baixo e ninguém podia negar o quanto ele era feliz com aquela lata-velha. Os anos foram passando e os dois foram envelhecendo juntos. A Brasília, que já era velha, dava sinais de que mais dia menos dia deixaria Severino a pé. Dito e feito, bateu o motor. Severino ainda tentou correr por várias oficinas mas o destino da Brasília era o desmanche.

Levou a Brasília ao ferro-velho como que leva um parente ao cemitério. Chegando lá teve a ideia de guardar parte de seu velho amigo consigo para que simbolizasse aqueles anos de felicidade que teve junto ao seu velho carro. Com parte da lataria pediu que fizessem uma peixeira, um facão típico do Nordeste muito usado por jagunços. Ao chegar em casa pendurou o facão na parede do quarto, bem ao lado de sua cama para que a lembrança estivesse ali sempre presente ao seu lado.

Deitou na cama e dormiu profundamente. No meio da madrugada o vento forte invadiu o pequeno quarto de Severino e derrubou o facão da parede.

A peixeira caiu e acertou em cheio o peito de Severino. Ele morreu ali mesmo, com o facão feito com os restos de sua velha Brasília cravado em seu coração.

Moral da história:
NÃO FAÇA DO SEU CARRO UMA ARMA.
A VÍTIMA PODE SER VOCÊ!

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